“Blackout Tuesday”: o movimento à escala mundial que fez apagão no Instagram
“Blackout Tuesday”: o movimento à escala mundial que fez apagão no Instagram
Esta terça-feira (2) o Instagram foi tomado por postagens de imagens pretas como uma forma de protesto aos últimos acontecimentos de violência e racismo. Chamado de #BlackoutTuesday, a iniciativa tem o intuito de interromper as atividades diárias para fazer um protesto virtual.
O movimento foi organizado por empresas do setor da música e começou fora do Brasil. Em pouco tempo, tomou conta das redes sociais. A Apple Music apagou todas as publicações no Instagram, e deixou apenas um vídeo e uma foto do movimento. O Spotify aderiu à campanha e prometeu inserir 9 minutos de silêncio entre músicas e podcasts, em alusão ao tempo em que George Floyd ficou preso ao joelho do policial Derek Chauvin, o que culminou na sua morte. A plataforma afirmou que também irá amplificar as vozes negras.
A campanha foi bastante incentivada por famosos, em especial na indústria musical, desde a segunda-feira (1). Cantores como Elton John, Rihanna, Cardi B, Zayn, Demi Lovato, Björk e outros aderiram.
No Brasil, artistas como Anitta, Bruno Gagliasso, Ludmilla e Marília Mendonça também postaram quadrados pretos para apoiar a campanha.
Mas o que seria uma ação positiva, acabou atrapalhando os ativistas em todo o mundo, isso porque os organizadores dizem que os milhares de posts escuros, muitos deles com hashtags como #BlackLivesMatter e #BLM, estão tornando mais díficil achar nas redes informações úteis, links de doações, localizações e denúncias de violência policial nos protestos que acontecem em todo o país e que usavam as mesmas tags.
Alguns artistas também perceberam os efeitos colaterais da ação. “Isso não está nos ajudando, cara. Quem diabos pensou nisso? As pessoas precisam perceber o que está acontecendo”, escreveu o cantor Lil Nas X, compartilhando uma mensagem do DJ Dillon Francis que notava o problema.
A preocupação é que o movimento não fique apenas em um dia, que a importância da luta contra o racismo seja transformada em atitude e não pare no ativismo social sem fundamento.
O que culminou a ação?
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Pelo menos quatro mil pessoas foram detidas e o recolher obrigatório foi imposto em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, mas diversos comentários do Presidente norte-americano, Donald Trump, contra os manifestantes têm intensificado os protestos.
Os quatro polícias envolvidos no incidente foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi detido, acusado de assassínio em terceiro grau e de homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.
Com informações do G1, Metrópole, TVi21