Capela de São Silvestre teve a mão da primeira arquiteta formada no Brasil
Capela de São Silvestre teve a mão da primeira arquiteta formada no Brasil
A pequena construção, escondida em uma trilha na subida da estrada das Paineiras, faz parte do primeiro caminho para o morro do Corcovado, antes do Cristo Redentor ser construído, entre 1922 e 1931.
Com 110 anos desde a colocação da pedra fundamental, a capela de São Silvestre é um monumento tombado que tem a sua autoria ainda não reconhecia 100%. A pequena capela foi por anos noticiada como a “menor igreja do Rio”, pelas dimensões que lembram um oratório, com um único altar, revestida de cerâmica vermelha e pintura branca, foi construída para servir como uma capela pelo Monsenhor Massa, o bispo de Rio Negro.
Em matéria publicada no Estadão, a historiadora Camila Belarmino contou que a autoria da capela é de Arinda Sobral, a primeira arquiteta formada no Brasil, em 1914, aos 31 anos. A arquiteta viveu por quase 100 anos, mas permaneceu esquecida por décadas.
O nome de Arinda não consta em alguns sites, como o Inventário dos Monumentos do Rio de Janeiro, embora, segundo a pesquisadora, “A Imprensa”, de janeiro de 1912, tenha feito uma matéria citando Arinda como autora do desenho da edificação.
A capela foi construída em um terreno cedido pela companhia Tramway, Light and Power, por iniciativa do coronel João Victorino da Silveira e Souza Filho (que trabalhou com Arinda na educação pública), de André Gustavo Paulo de Frontin, engenheiro de renome à época, e de uma senhora identificada como A. Saraiva da Fonseca. Junto ao alicerce, foi colocada uma cápsula do tempo, um cofre com bilhetes, jornais daquele dia e a ata da cerimônia, que contou com apresentação musical, discurso e presença de autoridades e instalação de uma imagem de São Silvestre.
Pioneira
Nascida em 04 de agosto de 1883, Arinda da Cruz Sobral era filha de Margarida Perpétua de Oliveira Sobral e João José da Cruz Sobral. Antes de ingressar na ENBA, Arinda se formou no curso normal em 1906 e se estabeleceu como professora da Prefeitura do Distrito Federal. Em 16 de dezembro de 1911, O Paiz, jornal de grande circulação na cidade do Rio de Janeiro, registrou o fato de Arinda ser a primeira futura arquiteta do Brasil.