Índios Guaranis –os verdadeiros dono do Brasil ?

19/04/202019/04/2020 Lia Salles Dia do Índio, guaranis, índios, Parati, PEC215

Índios Guaranis –os verdadeiros dono do Brasil ?

Por Lia Salles de Souza Damazio

Hoje é Dia do Índio. Houve um tempo e que todo dia por esse vasto pedaço de terra que hoje chamamos de Brasil, era dia de índio.

Perseguido, desrespeito em seus direitos, menosprezado por causa de sua etnia, chegamos em 2021 ainda agredindo os ditos “selvagens” e “primitivos”. Fica no ar a pergunta: quem são os verdadeiros bárbaros.

Mesmo assim, ainda há espaços para que os indígenas possam viver com dignidade e com sua cultura respeitada.

A PEC 215, aprovada em 2019, ao proibir a ampliação de terras índígenas deixará os índios mais vulneráveis às ações truculentas .

Chegando em Angra dos Reis que além da beleza daquele mar, há a beleza da existência de uma aldeia dos índios Guaranis. Além da aldeia em Angra, há, em Parati duas aldeias. Emocionante.

Os Guaranis falam a língua tupi e as aldeias por eles ocupadas denominam-se Terra Indígena Guarani de Bracuí no município de Angra dos Reis e Terra Indígena Paraty Mirim, Terra Indígena Araponga, estas duas últimas no município de Parati.

Diga-se que é importante que essas terras tenham sido reconhecidas pelo governo em Diário Oficial tendo sua posse permanente garantida.

A Terra Indígena Guarani de Bracuí é a de maior população contando com 320 habitantes e sua população é predominantemente jovem, pois mais da metade é constituída por crianças menores de 14 anos.

Seu grande sonho é atravessar o mar encontrar a Terra Sem Mal – que ,de certa maneira, é o correspondente ao conceito de Paraíso cristão. Os guaranis são agricultores mantendo roças familiares em sistema de rodízio. Os principais alimentos cultivados são o milho, a mandioca, a batata-doce, o amendoim e o feijão. As árvores frutíferas que têm sempre próxima às suas casas são o abacateiro e a bananeira.

Do material que retiram da mata constroem casas, cestas, arcos ornamentos, objetos para seus rituais religiosos.

A Casa da Reza ( Opy) é o local onde acontecem as cerimônias mais significativas da aldeia, ou seja: rituais funerários ou de cura e de batismo do milho bem como ouvem a palavra dos xamãs. Já no pátio em frente à Casa de Reza os assuntos tratados em reuniões são de deliberação da comunidade. Mas também o local é usado para executar o xondarê, a dança lúdica dos guaranis quando todos brincam ao som do violão e da rabeca.

Embora já se tenham passado 520 anos de contato permanente com a sociedade brasileira, os Guaranis não abandonaram suas tradições, seus costumes mas incorporaram o que lhes é interessante. Atualmente ligaram-se a várias instituições desenvolvendo projetos que beneficia sua comunidade. Entre estes projetos está a Escola Bilíngue que produziu a Cartilha Guarani usada na alfabetização das crianças, um livro onde contam a história do contato dos índios com os não índios do ponto de vista guarani.

Contam com a instalação de um posto de saúde na aldeia com formação de agentes de saúde guaranis, constroem açudes desenvolvendo a psicultura, tem criação de animais possuem um ponto de venda de artesanato em Angra dos Reis e finalmente desenvolvem um projeto de oficinas fotográficas .