Lenda, milagre e mistério cercam a capela de Pedra de Guaratiba
Lenda, milagre e mistério cercam a capela de Pedra de Guaratiba
Localizada no alto de uma pequena elevação em Pedra de Guaratiba, a Igreja de Nossa Senhora do Desterro é um dos tantos monumentos no Rio de Janeiro que sofrem com a atuação do tempo e atuação insuficiente para a preservação.
Datada de 1629, o templo é considerado o quarto mais antigo do Rio de Janeiro, depois das Igrejas de Bonsucesso (1567), de Santa Luiza (1592), no centro e de Nossa Senhora da Apresentação (1613) em Irajá.
A Igreja tem estilo barroco colonial, tendo sofrido várias reformas ao longo dos anos. Após a última grande reforma ocorrida em maio de 1986, passou a apresentar fachada com bloco único, revestida de azulejos na cor azul, os quais já estão parte quebrados e faltantes. Na parte da frente da Igreja há um cruzeiro junto a rampa que dá acesso ao píer com uma vista privilegiada da Restinga de Marambaia.
A história da Igreja começa após uma partilha das terras que Manoel Veloso Espinhosa recebeu da coroa portuguesa, em 1579, após o casamento com Jerônima Cubas. A Sesmaria de Guaratiba, como foi nomeada em 1580, foi dividida entre os dois filhos de veloso, ficando Manoel Veloso Espinhosa Filho com a fazenda de Santa Cruz e Jerônimo Veloso Cubas com a Freguesia de Guaratiba, onde mandou construir, em 1629, uma pequena ermida consagrada a Nossa Senhora do Desterro, além de um cemitério.
Reza a lenda, que a construção da capela veio após o milagre concedido por Nossa Senhora a uma índia muito idosa, que era cega e doente. Segundo alguns relatos históricos, essa índia havia informado aos donos da terra, acima citados, que Nossa Senhora havia pedido que construíssem uma igreja na beira da praia. Como ninguém acreditou, a divindade havia restituído a visão da idosa e lhe dado a saúde de uma jovem como prova de sua existência e do milagre, com isso, e depois de ficarem relativamente assustados, a capela foi construída.
Com o desaparecimento de Cubas e sua mulher, a igreja foi passando por várias mãos, entre Carmelitas, pescadores e pela Companhia Continental de São Paulo e ao longo dos tempos, a primitiva Igrejinha sofreu várias reformas:
1ª Ocorreu no fim do século XVII.
2ª No século XIX, ocorreu a mais importante reforma, com a ampliação da capela a colocação de azulejos portugueses. A talha do altar e do coro foram refeitas no e são valiosas imagens e bancos, de tipo raro com palha na assento. O teto da nave e capela-mor é decorado com pinturas ingênuas.
3ª Em 21 de dezembro de 1874, foi concluída a nova restauração
4ª a última aconteceu em 6 de maio de 1989, quando foram realizados os serviços de reparação das rachaduras existentes desde os alicerces até a cobertura, devido aos disparos de artilharia do Polígono de Tiro da Restinga de Marambaia, que fica do outro lado do mar, bem à frente da Igreja. A obra foi realizada em mutirão por 30 devotos
Fonte: Templos Católicos do Rio de Janeiro, Orlindo José de Carvalho – Manual, 2009 | Wikirio| Ipatrimonio | Iphan