Natal – um momento de poesia

Natal – um momento de poesia.

Amanhã é Natal, mas a noite da véspera é tão marcante quanto.

Nós, do Cultura Em Movimento, não poderíamos deixar de celebrar esta data tão bonita e aproveitamos para fazê-lo celebrando também a força viva da arte e da poesia.

Escolhemos para desejar a todos um feliz Natal, um singelo poema de Théophile Gautier, escritor, poeta, jornalista e crítico literário do século XIX que tornou-se uma referência do movimento romântico, como também das correntes estéticas seguintes – o Parnasianismo, O Simbolismo e até o Modernismo.

Para ilustrar esse nosso “cartão de Natal”, elegemos um quadro do pintor veneziano Tintoretto. Ao retratar o tema da Natividade, o pintor maneirista, com força, retrata a cena clássica da vinda dos reis magos para visitar o Menino-Deus na manjedoura, entre pastores. Alguns estudiosos levantaram a possibilidade da mulher mais velha, à direita, ser Santa Ana, mãe da Virgem. Uma personagem que não relacionamos com frequência à cena do presépio.

Então vamos a esta inusitada parceria – a arte de Tintoretto e a poesia de Gautier.

Natal

Terra branca, céu cinzento,

“toquem, sinos, repiquem:

nasceu! Inclina-se a Virgem Mãe

sobre o prodígio vivo.

Nem brocados nem suntuosa tenda

protegem o menino do gelo:

algumas teias de aranha pendem

do teto, que descortina o céu aberto.

Jesus, alvo e rosado,

na palha fria se move;

aquecem-no, na manjedoura,

com seu hálito, o boi e o burrinho.

Sobre o negro teto,

a neve cai, em flocos, ritmada.

Anjinhos de alvas túnicas

Entoam cantos aos rebanhos: “É Natal !”

Théophile Gautier

Natividade, Tintoretto ,1550-1570, Museum of Fine Arts, Boston

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