Reservatório Rio D’Ouro: construção em funcionamento por mais de 140 anos
Reservatório Rio D’Ouro: construção em funcionamento por mais de 140 anos
Antes de começar a contar um pouco da história deste local, eu gostaria de agradecer a CEDAE por viabilizar essa visita.
Para contar a história deste monumento arquitetônico, é preciso conhecer a importância de Nova Iguaçu para o império e para a construção da história do Rio de Janeiro. Embora alguns subestimem a cidade somente pelo fato de pertencer à Baixada Fluminense, a região era usada pelos portugueses para a exploração do solo com a produção de cana de açúcar, feijão e mandioca, e para o escoamento da produção do ouro das “Minas Gerais”, onde estabeleceu três caminhos na região do rio Iguaçu desde o final do século XVII até o final do século XVIII e/ou início do século XIX.
O primeiro deles foi o Caminho Novo, aberto nos anos de 1700 com o objetivo de escapar da ação de corsários que atuavam na Baía de Ilha Grande e roubavam o ouro que chegava ao Rio de Janeiro vindo de barco desde Paraty, onde acabava o Caminho Velho. Essa construção favoreceu a Freguesia de Nossa Senhora do Pilar do Iguaçu e seu porto – sim havia um porto na cidade, mas essa é uma história para outro momento. Os outros dois percursos foram: o “Caminho do Inhomirim”, região que agora pertence à Magé, e o “Caminho do Tinguá”.
Mas o grande impulso no desenvolvimento da região aconteceu a partir de 1822, quando foi criada a Estrada Real do Comércio, considerada a primeira estrada brasileira aberta para o transporte do café, considerada a primeira estrada de comércio pavimentada no Brasil, que foi feita pelo tio-avô do Oscar Niemeyer, o coronel Conrado Jacob de Niemeyer. Graças à Estrada Real do Comércio, a Vila de Iguassú se transformou em movimentado mercado, atraindo negociantes, trabalhadores e fazendeiros. Com o crescimento e efervescência comercial, a freguesia foi elevada, em 1833, ao status de município. Desde então, várias construções começaram a ser realizadas em Nova Iguaçu, 12 delas atualmente consideradas marcos significativos do patrimônio cultural da região, entre elas, está o reservatório Rio D’Ouro.
Atualmente sob a gestão da Cedae, as duas grandes piscinas de 4m de profundidade, os aquedutos, os esquemas de captação e, é claro, a bela fonte de autoria do escultor francês Albert-Ernest Carrier Belleuze, professor de Auguste Rodin, foram inauguradas em 1880 pelo imperador D. Pedro II com o objetivo captar as águas dos mananciais de Tinguá e abastecer a capital do Império. Para isso, foram necessários cerca de 45 quilômetros de tubos de ferro fundido assentados da cidade-mãe da Baixada Fluminense até o Rio de Janeiro, que funcionam até hoje.
Os tubos foram importados da Inglaterra e assentados ao longo da Estrada de Ferro Rio D’Ouro, construída à época para a logística da obra e que se tornou um grande complexo ferroviário. Uma obra de engenharia que perdura por mais de 140 anos, preservado e em funcionamento, diferente de muitos reservatórios espalhados pelo estado.