Salve Jorge !

Salve Jorge !

Por Lia Salles Damazio

São Jorge nasceu na Capadócia, atual Turquia, no século II da era  cristã. Mas, ainda criança, mudou-se com sua mãe para a Palestina, após a morte de seu pai em combate.

Ao atingir a adolescência, entrou para a carreira das arma por ser esta carreira a que mais se aproximava do seu temperamento combativo.

Ascenção na carreira

Aos 23 anos foi promovido a capitão do exército romano por mérito, fato que fez com que o imperador Diocleciano lhe concedesse o título de Conde da Província da Capadócia. Antes de completar 30 anos foi alçado ao cargo de Tribuno Militar E Conde, fazendo parte da guarda pessoal do próprio Diocleciano.

A descoberta da fé

Ao saber que Jorge era cristão e por não querer que o excelente oficial saísse das fileiras de seu exército, o imperador ofereceu-lhe terras, dinheiro e escravos o que foi rejeitado veementemente por Jorge.

Busto do Imperador Diocleciano – algoz de São Jorge

O Diocleciano, furioso pelo que considerava uma traição à sua confiança e um verdadeiro ultraje ao seu poder imperial, mandou torturá-lo de várias formas, cada uma delas mais violenta e cruel.

O cristão Jorge teve que caminhar sobre brasas, mas seus pés não se queimaram, diz uma das lendas sobre seu suplício e depois enterrado vivo.

Após cada uma dessas torturas, era levado ao imperador para que renegasse sua fé, mas resistia e reafirmava ser Cristo sua verdade mais profunda e seu Senhor de fato. Por isso, o imperador manda degolá-lo em 23 de abril de 303 d.C.

Seus restos mortais foram transportados para Lídia, cidade onde crescera, para ser, finalmente, sepultado.

Tempos depois quando Jorge já havia sido canonizado, outro imperador –  Constantino –  mandou erguer uma igreja para que os fiéis pudessem homenageá-lo.

A fé em São Jorge corre o mundo

São Jorge foi escolhido como padroeiro de países e cidades pelo mundo à fora. É padroeiro da Inglaterra, de Portugal, da Lituânia, da Catalunha, de Gênova e de outras localidades.

No século V, em Constantinopla, já havia cinco igrejas dedicadas ao santo guerreiro.

Mas no primeiro século após sua morte, no Egito, construíram quatro igrejas e 40 conventos dedicados a ele.

Na França, o rei Carlos dedicou-lhe um mosteiro e sua esposa, Santa Clotilde, mandou erguer várias igrejas e conventos que levavam seu nome.

No Museu do Louvre, em Paris, há dois quadros famosos do não menos famoso pintor Rafael intitulados São Jorge e o Dragão.

O monarca inglês Eduardo III, em 1348, criou a Ordem da Jarreteira, uma ordem militar, dedicando imagem e armas a São Jorge, por ser este a encarnação do ideal militar, do ideal cristão e por ser o Patrono da Inglaterra. É a mais antiga ordem desse tipo britânica e foi criada como uma forma de honraria aos participantes das Cruzadas

Eduardo III, Conferindo a Ordem da Jarreteira a Eduardo, o Principe Negro. Pintura de Charles West Cope, 1847

E as homenagens continuaram ao longo dos séculos. Embora sofresse, por vezes, alguns boicotes. Em 1969, o papa Paulo VI retirou do Calendário Oficial o dia de São Jorge e deixou a data como opcional. Mas mesmo assim, as homenagens e a devoção prosseguiram com força, celebrando um dos mais populares santos da Igreja e reafirmando a relevância de São Jorge.

Mas, um guerreiro como Jorge, sempre vence as batalhas e em 2009, o papa João Paulo II conferiu novamente mado e reverenciado.

Por estas bandas São Jorge é uma unanimidade. Pela cidade do Rio de Janeiro, além de numerosas igrejas e de uma imensa e tradicional celebração  na Igreja de Quintino, bairro do subúrbio carioca, não é difícil achar pequenos altares com a imagem do santo nas ruas e praças de vários barros da cidade.

Praça São Jorge, Jardim Sulacap – Rio de Janeiro

Em Ilhéus, na Bahia, São Jorge é seu santo padroeiro.

E vai além, meio que oficiosamente é padroeiro dos Escoteiros e da Cavalaria do Exército Brasileiro.

O sincretismo brasileiro reafirma a popularidade do santo

Como forma de driblar a catequese religiosa da Igreja Católica, os escravos no país para fazerem sua cultura e religião sobreviverem, observavam as características dos santos católicos e ao adorá-los, estavam, em verdade, cultuando seus orixás que tivessem as mesmas características.

Assim, em terras brasileiras, São Jorge fez-se Ogum – orixá da guerra – ou Oxóssi – o caçador e rei das matas -.

Ogum

Se em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, Jorge é Ogum, já na Bahia foi sincretizado como Oxóssi

Orixá Oxóssi , sincretização de São Jorge na Bahia

Por que o dragão ?

Uma outra lenda sobre São Jorge e que se incorporou à sua própria imagem como santo é aquela que o liga ao dragão.

Conta a lenda que em Salone, na Líbia, existia um enorme dragão com asas que devorava as pessoas da cidade.

Estando São Jorge neste lugar, soube que a filha do rei , uma menina de apenas 14 anos – Sabra – tinha sido enviada ao dragão para o sacrifício que o impedia de destruir a cidade e toda a população.

São Jorge foi até o rei e exigiu que este lhe desse sua palavra de que se a menina de volta, o rei e todo reino se converteriam ao Cristianismo.

São Jorge montou em seu cavalo branco e partiu para o combate contra a besta-fera, Venceu, é claro e trouxe o dragão morto para acidade e a princesa sã e salva. Ao chegar a Salone, cortou a cabeça do monstro diante da multidão que se tornou cristã.

Por isso, tenhamos fé em São Jorge e peçamos auxílio a ele para vencer as batalhas e os dragões que vamos ter de enfrentar em nossas vidas.