Tiradentes Cultural faz homenagem ao Samba e à cultura
Tiradentes Cultural faz homenagem ao Samba e à cultura
A última edição de 2022 do Tiradentes Cultural aconteceu no último sábado, dia 3, e foi dedicada ao Dia Nacional do Samba, celebrado em 2 de dezembro. Criado em 2015, o projeto é uma iniciativa de espaços culturais localizados no entorno da praça Tiradentes, que se reuniram com o objetivo de potencializar a circulação de pessoas e as atividades culturais nesta região da cidade.
Foram mais de 10 horas de atividades, entre música, dança, literatura, arte, lazer e muito samba. A Dança Berroaltomesmo a Contação de histórias Biblioteca na Praça abriram o dia de programação, seguindo com a oficina de samba no pé com o mestre Bilisco, figura conhecida nas comissões de frente do Carnaval Carioca; a mostra tapete contadores, da Fundação Nacional de Artes (Funarte); e a intervenção artística do Bolha Mágica, que reinventou a tradicional brincadeira das bolhas de sabão para construir uma narrativa que coloca o corpo em movimento a partir da conexão com elementos da natureza, como a água e o vento.
Para abrir a noite, as integrantes do grupo de percussão Fina Batucada, do Mestre Riko, esquentaram os tamborins com um repertório que foi do Samba ao Maracatu. Diferente do que vemos no carnaval carioca, o grupo é composto apenas por mulheres, uma delas é Lia Palla, no chocalho. A musicista comentou que o objetivo do grupo no evento era “mostrar a todos o resultado do trabalho de resistência da música, do samba e do grande Mestre Riko. Sobrevivemos e estamos aí novamente”.
A companheira de grupo, mas na Caixa, Rosana dos Santos Corrêa acredita que a importância de ocupar espaços públicos com eventos culturais se tornou mais que necessário após a pandemia. “O esforço coletivo de estímulo ao convívio da comunidade nesse espaço público de grande importância no cenário cultural carioca é compensado com apresentações culturais e gastronômicas das mais diversas culturas”. Em adição ao depoimento da companheira de instrumento, Priscylla Corrêa, também assistente do fundador do Mestre Riko, conta que a Fina Batucada viu o evento como “um grito de liberdade cultural para toda a população carioca e afirmação do empoderamento feminino no mundo musical”.
Nesta edição, os presentes também puderam conhecer quatro peças do acervo permanente do Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB) que fazem uma referência direta ao universo do samba: duas obras da série Favelas, do artesão Raimundo Batista (Alagoas); a obra Carnaval, do artesão Adalton Lopes (Niterói – RJ); e o Zé Pilintra, do artesão Ismael de Dedé (Alagoas).
O público infantil pode contar com uma programação bem diversificada, com brincadeiras, oficinas, contação de histórias e o retorno da ativação do coletivo Rio em Quadrinhos, que havia participado nas duas últimas edições antes da pandemia. Formado por artistas que buscam expandir os territórios dedicados a 9ª arte na cidade, o Rio em Quadrinhos tem o objetivo de buscar espaços alternativos para divulgação e venda de HQs, assim como fortalecer o cenário carioca dos quadrinhos e quadrinistas independentes e formar e consolidar o público leitor.
Membro do coletivo Rio em Quadrinhos, Felipe Manhães explica que o Rio em Quadrinhos foi criado para participar de eventos culturais e divulgar os quadrinhos e quadrinistas independentes. Para o artista, eventos como a Tiradentes Cultural podem contribuir para a democratização do acesso à cultura em suas mais variadas formas. “Queremos participar de eventos como a Tiradentes Cultural para contribuir com a democratização da cultura. É um espaço que transpira arte nas suas diversas manifestações. É vital para a saúde cultural carioca”.
Ao lado de Manhães no coletivo estão Felipe Campos e JV Santos. Juntos eles enfrentam as dificuldades de trabalhar com cultura no Rio de Janeiro. “As dificuldades são muitas. Elas vão desde a falta de espaços culturais e eventos que abracem essa arte, até a falta de reconhecimento do público frente a força dos quadrinhos americanos e altos custos de produção. Mas a gente não desiste”. Para divulgar ainda mais o trabalho de luta do coletivo, a partir desta edição da Tiradentes Cultural, o público poderá acompanhar o grupo no Instagram @ColetivoRioEmQuadrinhos.
O dia foi encerrado com o show do Grupo Certidão com um repertório amplo, que percorre desde os sambas de raiz de Candeia, Zeca Pagodinho e Cartola até aos sambas e pagodes mais recentes, antenados no gosto do público.
A Tiradentes Cultural é uma das ações do Centro Unido que conta com o apoio da Subprefeitura do Centro, Secretaria Municipal de Urbanismo, Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e CRAB- SEBRAE. Em 2023, a Tiradentes Cultural voltará com o tradicional calendário de eventos, sempre no primeiro sábado do mês, de março a dezembro, com gastronomia, música, oficinas e programação cultural que muda a cada edição.