FOTOS DE CELULAR

Por Paulo Sallorenzo

Agora todo mundo faz fotografia! É só apertar o celular…e pronto. Calma…isso não é fotografia. Insisto que fotografia precisa ser sentida.

Tudo bem, em geral as selfies são momentos de alegria e descontração, mas cuidado com o segundo plano, o que aparece no fundo das fotos. Tenho visto cada coisa escabrosa e escatológica mesmo!! Um horror!!!

Outras pessoas fazem selfie tapando o rosto com o celular. Horrível! E tudo para postar nas redes sociais, para todo mundo ver.

Outro dia uma garota muito bonita, postou uma foto ao lado da mãe (“minha queria mãezinha…”) no banheiro, aparecendo a privada ao lado. Em outra foto, uma garota se fotografou no espelho do banheiro e aparece ao fundo uma senhora gorda, nua sentada no vaso sanitário. 

Já fui totalmente contra o uso do celular para fotografar. Besteira minha. Viajando de ônibus, num trajeto longo (Botafogo – Barra), em dia de chuva, saquei o celular e me deliciei fazendo várias fotos através do vidro molhado.

Vi uma foto, num celular de uma aluna e me empolguei. Nada mais cafona que uma mulher olhando para uma rosa. Mas a foto é maravilhosa, reparem:

-Foto em contraluz. Belo contraluz.

– Luz de fundo de final de tarde em degradê suave.

– Rosto em perfil, bem desenhado mostrando a beleza da moça.

– Rosa mostrando sua cor e desenho.

Ela sentiu essa foto. Dirigiu a moça. O resultado foi esse.

Estava dando uma aula de estúdio na ABAF, e convidei uma fotografa amiga, A Simone Coppolecchio, para assistir, participar.

Ela fez essa foto com o celular. No estúdio.

Lembro de uma história em quadrinho que li há muito tempo. Era do Pimentinha, ou Denis o travesso.

O pai dele comprou um tremendo equipamento fotográfico para participar de um concurso de fotografia no clube.

As fotos ficaram em exposição e ninguém deu a mínima para elas. Ele ficou muito triste, e o Pimentinha mais ainda.

Aí o Pimentinha pegou a maquininha fotográfica dele e saiu fotografando. Fez várias ampliações dessas fotos e colocou em exposição para o concurso do Clube, em nome do seu pai. Ficou em primeiro lugar. Sabem por quê? As fotos eram simples, mas espontâneas   feitas de um ângulo diferente, bem abaixo, do ângulo onde o Pimentinha via o mundo.

O que diferencia uma boa foto, independente se ela foi feita com uma super, hiper máquina fotográfica, é a maneira como aquela imagem foi sentida. Com sensibilidade!! Isso é fundamental!!

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