Pequenos e médios empresários, como enfrentar e ganhar a luta contra a Covid-19?
Pequenos e médios empresários, como enfrentar e ganhar a luta contra a Covid-19?
O coronavírus é uma ameaça que a todos nós assusta e intranquiliza. Mas se você é empreendedor ou empreendedora, essa terrível doença criada por um bichinho microscópio é fonte de mais uma preocupação, agora por motivos de sobrevivência econômica.
Muitos pequenos e microemprendedores atuam em negócios e serviços ligados à área da cultura. E cultura engloba arte, gastronomia, moda, artesanato, turismo e uma série de outras atividades que estão sendo fortemente afetadas pela medida de isolamento social como forma de prevenção e controle da pandemia de Covid-19 implantada por governadores e prefeitos. Aliás, apesar da crise em termos de economia e negócios, a medida é acertada e essas autoridades agiram com extrema responsabilidade para com a população.
O Cultura Em Movimento pensa em como será a futura saída desse isolamento e procurou Alessandra Lopes, professora de inovação, empreendedorismo e gestão de projetos no Senai/BA, para uma conversa sobre perspectivas retomada dos negócios, ao final da crise sanitária por que passa o país.
Nessa conversa, uma baiana que combina juventude, inteligência e competência ressalta, entre outras dicas, que a capacidade de inovar poderá ser o passaporte seguro para a superação da crise.
CEM. Você gerencia uma consultoria que presta serviços no setor de inovação. Pela sua expertise, como micro, pequenos e médios empreendedores devem se posicionar frente à crise nos negócios gerada pela pandemia do Covid-19?
Alessandra Lopes: A pandemia se caracteriza como uma situação disruptiva que tem causado rompimento no andamento normal dos processos e dinâmica socioeconômica, gerando impactos e riscos sobre a saúde e a vida da população, afetando os micro, pequenos e médios empreendedores, a economia informal, aqueles mais fragilizados que sobrevivem do que conseguem gerar de renda na labuta do dia-dia, bem como todos os setores produtivos, os serviços e políticas públicas .Nesse contexto todos os afetados e setores da economia devem inovar com estratégias de tempos difíceis, de guerra, que exige exercitar um planejamento estratégico, criativo e ágil. Ou seja, não dá para planejar e executar daqui a um mês.
É hora de buscar e aplicar novos conhecimentos, novas formas de atuar, de fazer parcerias, negociações, não é hora de se precipitar e fechar as portas, de jogar a toalha. Nesse momento o gestor é desafiado a colocar em prática as características potenciais de um empreendedor que muitas vezes não são desenvolvidas por eles por conta da correria na operacionalização do negócio. Essas organizações e empreendedores que têm mais dificuldades são as que não entendem a estratégia inovadora como motor propulsor para os empreendimentos em tempos de crise.
CEM. Você acha que, de uma maneira geral, pessoas que começam a empreender no Brasil estão de fato preparadas para começar um negócio?
Alessandra Lopes: Em geral, não. Há uma grande parcela que está preparada, mas se tratando das microempresas e MEI falta muito conhecimento técnico para o desenho estratégico de um negócio e equipe para trabalhar. As empresas enxugam muito seu quadro negligenciando algumas atividades essenciais, como marketing e a própria inovação que são investimentos de alto impacto e rápido retorno. Muitos negócios são abertos por uma necessidade, uma tentativa de viabilidade, e esses planejam menos do que os que abrem por oportunidade. Geralmente pequenos negócios, principalmente de bairros, vão se “virando” no dia-a-dia e é por isso que tem maiores dificuldades numa situação como essa a qual estamos vivendo. Não é de hoje que nós,especialistas, alertamos, aconselhando os empreendedores a implantarem a cultura da mudança e da inovação. Agora terão que agir, na crise, “na marra”!
CEM. Há alguma diferença no que se refere ao acesso a oportunidades de negócios quando o empreendedor é uma mulher?
Infelizmente ainda existe, por questão mais cultural do que de importância ou potencial. A grande maioria dos cargos de executivo nas organizações são exercidos por homens, mulheres ficam geralmente na parte do apoio, meio que intermediária, existem exceções, claro.
Naturalmente percebe-se que a mulher ainda se intimida no mercado, mas a empreendedora precisa acreditar nela, se autovalorizar, acreditar em sua grande capacidade para depois buscar confiança e aprovação nos outros. Muitos movimentos vêm contribuindo para mudar essa realidade e já percebemos uma mudança substancial na dinâmica do empoderamento feminino. Somos otimistas, perseverantes, determinadas e estamos avançando de maneira sustentável inseridas no mundo dos negócios.
Pesquisas e estudos indicam que mulheres tem alta capacidade de levantar o faturamento de uma empresa, o problema é que elas mesmas precisam ter consciência e acreditar na sua posição e capacidade de liderança. Temos dificuldades de negociar com as próprias mulheres, acreditem!
CEM. Hoje, no Brasil, há quase que uma “propaganda” que procura popularizar a ideia de que o empreendedorismo, a possibilidade de ser patrão de si mesmo, é a panacéia para solucionar altas taxas de desemprego. Independentemente das turbulências na economia é ou não relativamente fácil empreender?
Alessandra Lopes: Não é tão difícil, mas exige muitas habilidades intrínsecas e alguns requisitos básicos startantes. Algumas pessoas nasceram com gosto, carisma nato para o empreendedorismo, outras precisam desenvolver, e a boa notícia é que é possível aprender a empreender. A maior dificuldade que percebo é de adequar um quadro enxuto com todas as atividades da empresa com poucos recursos; mas a que tem um bom capital de giro, profissionais estratégicos, se tiver no mercado propício tem uma grande facilidade. A dificuldade maior está na visão estratégica. Deveriam ter como investimento e visão empreendedora futurista.
CEM. A Bahia é um dos pólos de efervescência cultural do país. Como está o mercado de produção cultural na Bahia? Quais são as perspectivas para esse segmento de mercado pós-crise coronavírus ?
Alessandra Lopes:A cultura baiana de fato é uma marca de identidade do estado. Associada aos atrativos de beleza natural é motor de polo turístico, referência nacional e internacional. Mobiliza vários setores, turismo em todos seus aspectos da baianidade, com todos os santos de nossa Bahia, com a fé, a sensibilidade à caridade como exemplo da santa irmã Dulce dos Pobres, Divaldo Franco da Mansão do Caminho, os Terreiros e outros líderes e congregações religiosas.
É referência de musicalidade, artesanato, a alegria e solidariedade de nosso jeito baiano de ser, o lazer em nosso litoral paradisíaco e cidade histórica, a arte, a culinária e os setores produtivos diversos.
Tudo isso em tempos de pandemia está sendo muito afetado pelo isolamento social quando a alma da cidade de Salvador é o atrativo para socializar, curtir, desfrutar dos espaços de todo menu de atrativos de rua, espaços de lazer. A situação está difícil.
Estamos amargando impacto muito grande, principalmente no turismo que envolve uma grande cadeia produtora. Eventos e estabelecimentos culturais estão sendo controlados pelo governo para inibir aglomerações. Mas entendo que seja um problema de Brasil, não apenas de Bahia.
Nesse contexto a economia criativa por aqui ferve por necessidade de sobrevivência. A manifestação de solidariedade explode. É com essa energia que a Bahia vai navegando, surfando na crise, se levantando. A fé no Senhor do Bomfim pelo fim da Pandemia e em todos os rituais de fé que é marca de Salvador da Bahia de todos os santos e seus vários municípios.
De parte do poder público federal, estadual, municipal e empreendedores estruturados a Bahia requer injeção de dinheiro, políticas públicas que minimizem a “quebradeira” insolvência, colapso, falência de pequenos, microempresários, e cuidar do cidadão que vive da economia informal e o setor cultural que é estratégico capital de atrativos da capital do Estado e de muitos municípios.
CEM. Você é professora do Senai. Como você vê a atual situação do Sistema S?
Alessandra Lopes: O Sistema S, como sempre, tem propósito e missão e está sendo um vetor importante no apoio estratégico para sobrevivência na crise e, futuramente, na pós-crise. As instituições que compõem o Sistema não estão medindo esforços para auxiliar no combate à proliferação do coronavírus e encontrar a melhor forma de atuar e orientar posturas e atitudes nesse cenário complexo de pandemia e foco no cenário pós-pandemia.
Essas ações envolvem capacitações, equipamentos, pesquisas, incentivos à financiamento, mentorias, dentre outras providencias, pois, para o Sistema S, também é momento de reinventar-se em protocolos no contexto da pandemia que afeta a saúde pública e dos setores produtivos.
“Não é de hoje que nós, especialistas, alertamos, aconselhando os empreendedores a implantarem a cultura da mudança e da inovação. Agora terão que agir, na crise, ‘ na marra’ !
CEM. O que é, o que faz e como contatar a Iriss Consultoria?
Alessandra Lopes: A Iriss é uma empresa de consultoria com foco e propósito em inovação. É especializada em criar de forma inovadora e melhorar negócios, produtos e processos com ações voltadas à Indústria 4.0, empreendedorismo disruptivo e inovação para sustentabilidade em negócios. Em nossas consultorias e mentorias, abrangemos as áreas de gestão, marketing, planejamento, projetos, processos e produtos. O objetivo é ajudar empresas a atingirem resultados, serem mais produtivas e competitivas, descobrindo novos nichos e oportunidades de mercado que sejam explorados de forma lucrativa, sustentável, ambiental, ética e socialmente justa.
Para contatar Alessandra Lopes ou a Iriss Consultoria:
(Whatsapp): (71)992153012
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