RIO DE JANEIRO: UMA CIDADE PORTUGUESA NO ATLÂNTICO
RIO DE JANEIRO: UMA CIDADE PORTUGUESA NO ATLÂNTICO
Por William Martins
Fechando o mês de março, não poderia deixar de fazer uma homenagem ainda que tardia à cidade do Rio de Janeiro, que aniversariou neste 1º. de março do já atribulado ano de 2021
Durante muito tempo o Rio de Janeiro foi a segunda maior cidade de população portuguesa no mundo. Era apenas em Lisboa, Portugal, onde residiam mais portugueses do que na cidade brasileira.
O Brasil constituiu-se a partir de matrizes culturais indígenas, africanas e ibéricas. No entanto, a cidade do Rio de Janeiro foi capital da colônia, sede do império lusitano entre 1808 e 1821, além disso, ao longo da história, foi o local que mais recebeu imigrantes portugueses. Mesmo após a Independência continuou atraindo imigrantes lusitanos.
Durante o período dos grandes fluxos imigratórios para o Brasil (de 1850 a 1930), o Rio sempre recebeu um grande contingente de estrangeiros. Segundo o censo de 1890, 35% da população do então Distrito Federal era estrangeira, sendo 68% de portugueses. Isso significa que cerca de 25% dos habitantes da capital federal, nessa época, eram lusos. Na virada para o século XX, a chegada desses imigrantes se intensificou ainda mais.
A maior parte dos que aqui chegavam era formada por homens jovens que sonhavam conseguir melhores condições de vida e acabavam constituindo laços familiares, permanecendo em terras cariocas. A colônia portuguesa fundou associações culturais, beneficentes e de auxílio mútuo, que ajudaram a garantir a permanência dos patrícios. Várias dessas instituições ainda hoje permanecem vivas na cidade, como o Real Gabinete Português de Leitura, no Largo de São Francisco e o Liceu Literário Português, próximo ao Largo da Carioca.
Foram muitos os jovens portugueses que chegaram aqui e passaram a se dedicar a profissão de caixeiro. Pelo fato de passarem a disputar vagas de empregos com os brasileiros, tornou-se forte o sentimento antilusitano, sendo comum em várias partes da cidade em fins do XIX o grito de “mata galego”.
O Rio de Janeiro é fortemente marcado pela cultura lusitana, seja na arquitetura que caracteriza a cidade, seja nas práticas culturais. O fato é que, seja pela saída para comer o tradicional bolinho de bacalhau, pelo grito da torcida que guarda a cruz de malta em sua bandeira ou pelos armazéns centenários que encontramos da Penha ao Centro da cidade, vale darmos um rolé por esta cidade lusitana nos trópicos.
Típico armazém lisboeta do século XIX A herança lusitana nos armazéns brasileiros do século XX A doce alegria das crianças presentes no armazém Caixa registradora e balança itens que não faltavam nos armazéns
Os sobrados – a maneira de morar portuguesa transplanatada para os trópicos
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