Sambi, o Guerreiro da Lua

Sambi, o Guerreiro da Lua

Por Lia Salles de Souza Damazio

Lá pelas bandas de Minas Gerais, conta a lenda  que Sambi era um escravo do Barão da Pedra Branca.

Apesar de escravo, Sambi era alegre, gostava de cantar e era trabalhador.

Sambi tinha um amor pela também escrava Iraci.

Litogravura “Negro e Negra m’uma Fazenda ” de Johann Moritz Rugendas. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo, São Paulo

Porém o filho do Barão vivia perseguindo Iraci, que fugia dele, mas o doutorzinho recusado, um dia mandou para o tronco e ele mesmo a açoitava com muito gosto e prazer.

O pai da escrava vendo o suplício da filha, pedia, desesperado, socorro e Sambi ouvindo o apelo do pai de Iraci correu para o local. Lá, ao ver a cena do filho do Barão chicoteando a moça que ele tanto amava não teve medo ou dúvidas. Como um raio partiu para cima do doutor e o cobriu de pancada.

Mas os capangas do Barão amarraram Sambi num outro tronco, de onde o infeliz escravo podia ver que matavam Iraci a pancadas.

Contudo, naquela noite de quarto crescente, Iraci subiu aos céus e se tornou a Lua Cheia, enquanto um pássaro gigante e encantado, que os escravos conheciam como Ave Grande, desatou o pobre escravo e o levou para a montanha mais distante e mais alta daquelas paragens.

Assim, Sambi pôde encontrar sua amada, agora transformada em Lua Cheia. Ela lhe deu um fogaréu com o qual o corajoso rapaz, nas noites de escuridão, libertava os escravos do Barão e de outros senhores daquelas terras das Gerais. Libertava-os e os levava para um quilombo que eles criaram.

Sambi virou herói de sua gente e namorava Iraci nas noites de Lua Cheia. Esse amor deu  numerosos frutos, pois cada estrela cadente era um filho de Iraci e Sambi.

Pelo menos era essa história que as mães contavam para os filhos nas belas noites de luar na cidade de Italva.