Tecendo a História – Quem foram as sufragistas e ativistas brasileiras!
Tecendo a História – Quem foram as sufragistas e ativistas brasileiras!
Por Eneida Salles Damazio
Dia 8 de março é dia de celebrar a mulher, é um dos momentos institucionalizados para visualizar o feminino.
Atualmente, a sociedade brasileira começa a perceber, com mais clareza, que mesmo depois de muitas conquistas do movimento feminista, ainda é pequena a participação da mulher em cargos importantes na esfera política brasileira.
Embora os brasileiros tenham até mesmo elegido uma mulher para Presidência da República que governou o país por quase dois mandatos, o processo de impeachment de Dilma Roussef revelou o quanto de machismo e misoginia subsistem em nossa sociedade. Desde a polêmica pela utilização do termo “presidenta” até a violência de palavras de ordem, passando pelo indigno adesivo colocado nas bombas de gasolina de carros para protestar sobre o preço dos combustíveis, o que se viu foi uma ira que ficara represada pela quase ofensa de uma mulher querer ditar aos homens o rumo do país.
Na celebração do dia Internacional da Mulher começamos hoje a série de artigos sobre algumas das nossas sufragistas, que como Atenas, como as Moiras, teceram em parte o rumo das histórias das mulheres do seu tempo e de tempos futuros e, assim, ajudaram a tecer também a História do Brasil.
Bertha Lutz – de suplente à deputada
Essa paulista gostava de romper limites: ao contrário das demais mulheres emancipadas politicamente, Bertha não era professora primária, poetisa ou jornalista. Bertha Lutz era bióloga. Uma área que não era considerada ideal para uma moça bem comportada e de boa família.
Ultrapassou um outro limite ao se tornar a segunda mulher brasileira a ingressar no serviço público, território exclusivamente masculino até Bertha aparecer por lá.
Ao estudar na Sorbonne familiarizou-se com os movimentos feministas europeus e, de volta ao Brasil, foi uma das organizadoras do nosso movimento sufragista.
“À criatura humana assiste o mesmo direito ao livro que ao pão.” Frase de Bertha Lutz –
Inclusive criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher que no moderníssimo ano de 1922 transformou-se na Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino. E o direito ao voto , chegou em 1932, com o decreto 21.76 de Getúlio Vargas.
Em 1934, Bertha Lutz participou do comitê elaborador da Constituição que assegurou às mulheres a igualdade de direitos políticos, elegeu-se suplente de deputado federal, cargo que viria ocupar em 1936 com a morte de Cândido Pereira.
Como deputada, defendeu mudanças na legislação para beneficiar a mulher e o menor.
Sua carreira foi interrompida com o fechamento do Congresso quando se instalou no país o Estado Novo. Mas ela continuou no serviço público, até se aposentar em 1964, como chefe de Botânica do Museu Nacional.
Em homenagem à sua memória, foi instituído o Diploma Bertha Lutz ou Prêmio Bertha Lutz, como é mais conhecido, pelo Senado Federal em 2001. Ele é conferido a pessoas que tenham oferecido relevante contribuição à defesa dos direitos da mulher e da igualdade de gêneros no Brasil. Já receberam o prêmio pessoas como Zilda Arns, Leci Brandão, a gari gaúcha Rozeli da Silva,Mãe Beata de Iemanjá e até um homem: Marco Aurélio de Mello, ministro do STF. E como não poderia deixar de ser até a ex-presidenta Dilma Roussef .
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