Um conto de Natal – das páginas para as telas
Um conto de Natal – das páginas para as telas
Por Eneida Salles Damazio
É Natal. Houve tempo mais inocentes em que as crianças acreditavam que o Natal , mais do que uma festa da Cristandade era um tempo de magia.
Com certeza, fui uma dessas crianças e partilhei dessa sensação com uma geração inteira e com várias outras gerações que me precederam.
A literatura sempre foi para mim um terreno mágico por excelência e um dos meus livros preferidos na infância era justamente um Conto de Natal, do escritor inglês Charles Dickens. Tinha num livrinho cheio de imagens que aguçavam minha imaginação infantil e até bem pouco tempo o relia talvez quase que como um rito de comemoração de Natal , mas com certeza para reviver aquele clima de magia e fantasia que Dickens soube tão bem construir.
O texto é uma espécie de fábula que nos ensina sobre o poder da redenção e a crença que sempre temos, de alguma maneira, uma segunda chance para recomeçarmos, para melhorarmos como seres humanos. Esse tema é o próprio espírito do Natal, ou melhor , dos espíritos do Natal – o do Presente, o do Passado e o do Futuro – que visitam Ebenezer Scrooge – personagem que iria inspirar Disney para criar o Tio Patinhas – o avarento que, entre tantos erros que comete vida à fora, recusa-se terminantemente a festejar o Natal.
Vi várias das adaptações cinematográficas desse belo texto, por isso afirmo que a adaptação feita pelo diretor britânico Ronald Neame, de 1970, é a melhor. Ronald Neame é um diretor de extensa filmografia e ,ao acompanhá-la,constatamos sua extrema versatilidade, pois além desse lindo musical, colecionou sucessos como O destino do Posseidon (1972) e um dos meus filmes favoritos, o thriller O dossiê Odessa (1974) .
O filme teve quatro indicações ao Oscar, entre elas a de Direção de Arte, e de Melhor Canção (Tank You Very Much) e a de trilha sonora de Leslie Bricusse. Inclusive Albert Finney que interpreta o protagonista Scrooge ganhou o Golden Globe na categoria Melhor Ator Comédia ou Musical.
Aliás, Finney é um dos grandes nomes do cinema. Um dos pontos altos do início de sua carreira foi com o personagem Tom Jones. A Adaptação cinematográfica de outro clássico da literatura inglesa, Tom Jones, e se não lhe valeu o Oscar naquele ano de 1963, deu-lhe a Taça Volpi de melhor ator no prestigiado Festival de Veneza. O ator foi indicado cinco vezes ao Oscar, mas nunca levou a estatueta dourada, embora tenha recebido 25 premiações ao longo de sua carreira.
Tudo isto faz com que valha à pena, curtir nessa tardinha chuvosa e gostosa de Natal, o filme O adorável avarento completo , dublado e legendado. Gratuitamente no You Tube. Dessa vez, dispense a pipoca e saboreie os restinhos deliciosos da ceia de ontem.
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