Fotografia é para sempre
Fotografia é para sempre
Por Paulo Sallorenzo
Atenção!! Enquanto estiverem fotografando não apaguem foto alguma!!! É preciso ver e rever tudo antes de apagar alguma foto feita…mas pensem bem… eu não apagaria nenhuma. Sempre tive muito ciúme das minhas fotos…
Antigamente (nem tão antigamente assim), as fotos ficavam fixadas nos filmes, e eram ampliadas ou projetadas, e gerava custos.
Hoje tudo é fácil, imediato. Saca o celular e clic!! Foto feita. Não gostei, clic! Deleto. Mas em toda as fotos está “congelada” uma fração do tempo, com muita informação. É preciso colocar sentimento nas fotos que fazemos.
Me incomoda quando ouço um fotógrafo dizer que fez uma “limpa” nos seus arquivos. Muitas e muitas vezes olhando fotos antigas, descobri detalhes incríveis ainda não percebidos.
Uma fotografia é para sempre!!!
Fiz muitos trabalhos de recuperação de fotos sempre muito danificadas. Quando recuperadas as reações eram incríveis!
As pessoas choravam emocionadas, principalmente as mais idosas (“Que bom ver o rosto do meu pai “, “Olha só o casaco que ganhei quando fiz 15 anos!!!”). Elas voltavam no tempo!
Num trabalho recuperei mais de duzentos slides que estavam desaparecendo. Essas fotos, quando novas, fizeram muito sucesso, eram fotos de viagens, festas, mas não tinham como projetar, não só pelo estado dos danos, mas também porque não havia mais o projetor. Entreguei em fotos ampliadas 18x20cm. Eu temia a reação da dona dos slides, eram muitas fotos; combinei um preço por unidade e ela me mandou fazer tudo. E …será que se lembrava de algumas imagens sensuais? Ela, jovem, numa praia deserta…nua?
Entreguei as mais de duzentas fotos, querendo receber meu pagamento e sair correndo, mas cada foto foi vista demoradamente, deliciadas! Ela viajou! Estava presente em corpo mas seu espírito flutuava no espaço do tempo. Sua expressão era de paz. Quando terminou de ver e rever as fotos, levantou o olhar e olhou na direção do nada durante alguns instantes…depois me olhou serena como acordada de um transe.
Dinheiro no bolso, saí pela rua andando bem devagar. Ventava e eu me senti levitar. Um cheiro bom de flores, mato verde, pizza e chope. Me despertei para cada pedaço de vida, alí perto de mim. Quantas fotografias! Mais um tempo as imagens vão virar história, e poderemos contar muitas estórias simplesmente olhando essas fotografias.
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