Eu ouvi tim tim?

Em tempos de quarentena, de confinamento, de quase nenhuma interação social e de poucas companhias, um drink pode ser o melhor amigo de alguém. Pensando nisso, essa matéria se propõe a conversar sobre a incrível arte de misturar bebidas e trazer algumas receitas de drinks criativos para receber os amigos no conforto de casa. Na verdade, não. Esquece isso de receber ou ser recebido. Fique em casa e aproveite consigo mesmo. Dá para ser feliz sozinho (ou com quem mora com você).

Ao falarmos de drinks, estamos nos inserindo no fértil e acolhedor terreno da coquetelaria. Afinal, misturar líquidos próprios para consumo humano é um exercício democrático e requer criatividade, atributo que nós, seres humanos, temos de sobra. Mas será que é só isso?

A coquetelaria é uma área do engenho humano como a culinária, e assim como nos dedicamos à pesquisa e ao estudo para cozinhar com excelência – uma vez que a gastronomia é a ciência dedicada à culinária -, a mixologia é a ciência responsável por se debruçar no universo das bebidas. Inegavelmente, essas ciências mantêm diálogo entre si, o que torna o “Comes & Bebes” sensivelmente mais especial quando bem executado.

Mulheres e homens do mundo inteiro combinam bebidas há tanto tempo que seria irresponsável da minha parte precisar uma data. Seria como tentar dizer quando foi que o primeiro humano pensou em temperar algum alimento. Mas se tratando de coquetéis, a história é mais recente e já se torna possível traçar uma linha do tempo que norteie essa narrativa.

A palavra cocktail apareceu pela primeira vez em 1803, em uma revista estadunidense. A novidade despertou curiosidade e, a partir de então, cocktails e drinks passaram a se tornar cada vez mais populares nos bares e nas festas Estados Unidos afora.

  • Em um editorial da revista Farmer’s Cabinet (Amherst, New Hampshire, 28 de abril de 1803), um festeiro se recuperava de uma ressaca às 11 da manhã:
    “Drank a glass of cocktail — excellent for the head… Call’d at the Doct’s. Found Burnham — he looked very wise — drank another glass of cocktail.”
    Bebi um copo de cocktail – excelente para a cabeça… Chamei o Doutor. Encontrei Burnham – ele parecia muito sábio – bebi outro copo de cocktail.”
    Trecho retirado do site Cheers Truck

Pronto, agora estamos brevemente situados. Sabemos que mixologia é uma coisa, coquetelaria é outra e que o coquetel que se tem relato surgiu para curar a ressaca (sério?) de um bon vivant estadunidense. Agora, vamos ao que interessa: as bebidas.

Não é preciso muito para fazer um bom drink. Segundo especialistas, o segredo está na medição das proporções, na qualidade dos ingredientes e no teor “combinatório” dos insumos. É claro que testar, provar e estabelecer preferências faz parte do processo criativo e da identidade do mixólogo, mas se tratando de mixologia, o senso comum e o achismo perdem valor. Posto isso, aqui seguem algumas receitas de drinks simples para fazer em casa e aproveitar a companhia de qualquer um que não seja visita (mas depois da quarentena está parcialmente liberado).

Quarantine Cocktail (1927) – O verdadeiro drinque da quarentena

45 ml rum branco
05 ml gim
05 ml vermute seco
25 ml suco de laranja
10 ml suco de limão siciliano
10 ml xarope de açúcar
25 ml clara de ovo
2 dashes de licor de anis

Em uma coqueteleira com cubos de gelo, bata vigorosamente o blend e coe duplamente para uma taça previamente resfriada. A receita original não traz nenhuma decoração.

Mermaid Lemonade (Limonada Sereia)

2 xícaras de gelo
1 xícara de Curaçau Blue
1 xícara de rum branco
2 xícaras de limonada
4 fatias de limão siciliano para decorar

Em um copo médio, despeje metade do gelo. Em seguida, preencha o fundo do copo com o Curaçau Blue. Adicione o rum e o restante do gelo. Para finalizar, a limonada.

Coloque um guarda-chuva de papel com uma cereja marrasquino presa à ponta para decorar e as fatias de limão siciliano cortadas em meias-luas.

Para mais receitas de drinques brasileiros e internacionais, fica a indicação do portal Mixology News. O site reúne um extenso material dedicado exclusivamente à coquetelaria e à mixologia nacional e internacional.

Pedro Júnior

Pedro Júnior

Jornalista de tudo e de qualquer coisa.