UFRJ: a filha de Minerva completa um século de excelência em conhecimentos

UFRJ: a filha de Minerva completa um século de excelência em conhecimentos

Por Cristina Nunes de Sant’Anna

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – primeira instituição universitária do país – completou neste mês de setembro, dia 7, seu centenário. Tal feito merece muitas comemorações e muita alegria por se configurar, de fato, numa trincheira de resistência e de defesa das ciências e das culturas. Sobretudo nestes tempos em que ambas não são de modo algum valorizadas por tantos e tantos. Sobretudo por representar, com os seus centros, seus estudos e pesquisas, um ambiente voltado especificamente para este fim, de forma a contribuir com o desenvolvimento e a capacidade intelectual do país.

Em 1920, dois anos após a epidemia de gripe espanhola ceifar 35 mil vidas no Brasil, fundava-se a UFRJ. Foi num 7 de setembro que a então Universidade do Brasil se tornou realidade, por intermédio do decreto 14.343, promulgado pelo então presidente da Primeira República, Epitácio Pessoa.

Pois saibam que esta senhora centenária está mais ativa e jovial do que nunca.

Representada pela deusa greco-romana da sabedoria, Minerva, a instituição vem desempenhando um papel único e exemplar na pesquisa e no combate à nova epidemia que estamos a enfrentar: a Covid-19, doença que já matou mais de 140 mil pessoas em nosso país.

Entre os muitos feitos da UFRJ, está o trabalho de seus pesquisadores que desenvolveram um protótipo de respirador de baixo custo, tendo a própria Universidade se tornado um centro de referência na pesquisa do coronavírus. É no Laboratório de Virologia Molecular do seu Instituto de Biologia, por exemplo, onde se pesquisam formas de contágio, imunidade, persistência e reinfecção do vírus da Covid-19. Destaque-se também o Centro de Triagem e Diagnóstico da Instituição, um dos mais importantes e confiáveis do país e considerado padrão em ouro em resultados para a Covid.

O processamento dos testes nunca pára. Funciona 24 horas: cientistas, professores, pesquisadores, estudantes se revezam, sem ganhar um tostão a mais por aumento de jornada de trabalho.

A discípula de Minerva inaugurou em março uma plataforma totalmente nacional para o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus. As demais vacinas são pesquisadas em cooperação entre instituições estrangeiras e nacionais. Em seus campi, atuam mais de 4 mil docentes e se localizam 1.456 laboratórios, 45 bibliotecas, 13 museus e 9 unidades de saúde.

A antiga Universidade do Brasil abriga hoje o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina, o Instituto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) e o LabOceano, que possui o tanque oceânico mais profundo do mundo, para ensaios de modelos e estruturas e equipamentos de atividades de exploração e produção de petróleo e gás offshore.

Seus mais de 63 mil alunos de graduação e pós-graduação estudam em mais de 180 cursos oferecidos. É a segunda melhor universidade do Brasil, segundo o Center for World University Rankings (CWURL) de 2010/20, e a terceira melhor da América Latina, de acordo com o Webometrics Ranking of World Universities de 2019.

Cinco de suas áreas de estudo estão entre as melhores do mundo, como Antropologia, Arqueologia, Arquitetura, Estudos de Desenvolvimentoe Línguas Modernas. Os dados são da https://ufrj.br/a-ufrj/institucional/fatos-e-numeros/ .

A nossa UFRJ, sim, nossa, porque uma universidade pública pertence a todos. Com suas três principais missões: ensino, pesquisa e extensão. Pois eu estudei na nossa UFRJ nos anos 80. Ali, cursei e me formei na Faculdade de Letras, antes de fazer jornalismo na minha querida UERJ.

Por isto, sinto uma alegria e uma honra enormes em escrever sobre o centenário da nossa UFRJ e mostrar seus números, conquistas e proezas gigantescas. Não se passou sequer um dia em que eu não tenha sentido orgulho de ter estudado ali.

Professores queridos, colegas, companheiros, saberes e mais saberes que me deram incentivos e também dúvidas para procurar mais e mais saberes. É o incentivo à dúvida que nos move a querer conhecer mais e mais, visto estar o conhecimento ( tal e qual a democracia), sempre em processo.

Atacada por muitos, chamada de local onde se faz balbúrdia por um ex-ministro da Educação, sobrevivendo com dificuldades por lhe cortarem a carne, arrancando-lhe verbas para pesquisas de ponta e pesquisadores, tentando desacreditar sua excelência.

Achincalhada por aqueles que têm medo e horror do conhecimento, das culturas e das ciências, a minha UFRJ vai vencer, como sempre venceu, pela garra que teve e sempre terá de proteger os saberes.

A filha de Minerva vai seguir a iluminar das trevas, a nos salvar da ignorância que ora é comemorada pelos simplórios. A minha, a nossa UFRJ a de todos vai nos curar do mal.

Não é por acaso é a figura mitológica da deusa que serve como símbolo à UFRJ. Minerva, segundo a mitologia, é filha do deus dos deuses, Zeus. Ela nasce adulta, da cabeça de seu pai, portando escudo, lança e armadura. É a deusa da sabedoria, das ciências, das artes, da estratégia e da guerra.

Cristina Nunes
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Cristina Nunes

Cristina Nunes de Sant' Anna é jornalista doutora em Ciências Sociais e pesquisadora associada do Laboratório de Comunicação e Consumo, Lacon Uerj e criadora do blog fanpage Literatura é bom pra vista.