25 de julho: o Dia nacional de Tereza de Benguela, dia da Mulher Negra no Brasil.

25 de julho: o Dia nacional de Tereza de Benguela, dia da Mulher Negra no Brasil.

Por Eneida Salles Damazio

O Brasil carece de memória, de memória para conhecer nossa história, para dimensionar a grandeza de seu povo.

É  lógico que a História é um longo e profundo rio que na sua densidade guarda muita coisa preciosa, embora desconhecida ou até esquecida.

No longo rio da história brasileira, em águas mais profundas habitam figuras de uma força interior incomparável. Homens e mulheres que deixaram , por um breve período de tempo, sua contribuição para  o país, modelando nossa maneira de ser e estar no mundo.

25 de julho é o dia da homenagem a essa mulher que após a morte do companheiro passou a liderar  negros e índios no Quilombo do Quariterêre, no século XVIII, em Mato Grosso. A data foi instituída pela lei no.12987/2014, no governo da presidenta Dilma Roussef, não só para homenagear Tereza, mas todas as mulheres negras do Brasil.

Muito pouco se sabe sobre a figura histórica, provavelmente proveniente da nação Benguuela, foi escrava do capitão Timóteo Pereira Gomes.Porém, principalmente, ficou registrada não só como exemplo de resistência à violência escravocrata, mas também como símbolo de liderança democrática, pois o Quilombo do Quariterêre teve uma particularidade: Tereza de Benguela, a rainha do quilombolas, a rainha Tereza, governava  abrindo um espaço para um parlamento onde eram discutidas as regras da comunidade numa construção coletiva.Instituiu um parlamento !

O quilombo resistiu e mesmo após a invasão bem sucedida, em 1770,pelas forças governamentais que prenderam   a líder falecida na prisão, o quilombo se reorganizou e existiu e resistiu ainda por mais algum tempo.

Mas deixemos a juventude preta falar sobre Tereza. Vejamos essa verdadeira aula sobre a Rainha Tereza no canal Nagonianas . E viva Tereza de Benguela ontem , hoje  e sempre !

Canal Nagonianas – YouTube

Saiba Mais:

Em 1994, a escola de samba Unidos da Viradouro levou a lembrança de Tereza para a Marquês de Sapucaí com o enredo Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal.

Vamos celebrar sua força de resistência cantando esse samba-enredo:

Canal Maravilha Tropical – You Tube

Aprenda a letra:

Amor, amor, amor
Sou a viola de cocho dolente
Vim da Pérsia, no Oriente
Para chegar ao Pantanal
Pela Mongólia eu passei
Atravessei a Europa Medieval
Nos meus acordes vou contar
A saga de Tereza de Benguela
Uma rainha africana
Escravizada em Vila Bela

O Ciclo do Ouro iniciava
No cativeiro, sofrimento e agonia
A rebeldia, acendeu a chama da liberdade
No quilombo o sonho de felicidade
Ilê ayê, ara ayê, ilú ayê )
Um grito forte ecoou )
A esperança, no Quariterê ) BIS
O negro abraçou )
No seio de Mato Grosso a festança começava
Com o parlamento, a rainha negra governava
Índios, caboclos e mestiços, numa civilização
O sangue latino vem na miscigenação
A invasão ganaciosa, um ideal aniquilava
A rainha enlouqueceu, foi sacrificada
Quando a maldição a opressou exterminou
No infinito uma estrela cintilou

Vai clarear, vai clarear )
Um sol dourado de Quimera )
A luz de Tereza não apagará ) BIS
E a Viradouro brilhará na nova era )

Eneida Damazio

Eneida Damazio

Eneida é mestre em Literatura Brasileira, Estudante de Jornalismo e aficionada por cultura e seus movimentos.