É O Cadeg, e não A Cadeg

O Cadeg é um desses lugares indispensáveis ao cidadão carioca. Porém, antes de ser o que é como conhecemos, o Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara esteve baseado em outro espaço, com outro nome, em um outro tempo.

A história

Durante a gestão do prefeito Francisco Pereira Passos, um dos personagens mais importantes da história do Rio de Janeiro (para o bem ou para mal), a cidade, inegavelmente, esteve em pleno desenvolvimento financeiro e urbano. Diante desse cenário, a criação de um centro comercial organizado que suprisse carências da cidade foi se tornando uma das principais demandas da época. A solução encontrada foi fazer surgir, em 1907, o Mercado Municipal da Praça XV.

– Desde o início, quem administrava o Mercado Municipal era a Companhia do Mercado. Junto com os comerciantes, a Companhia, que tinha um contrato de 50 anos com a Prefeitura, no início dos anos 1950, começou a cobrar melhorias nas condições de trabalho. E não obtendo um bom retorno, passaram a tentar se desligar do convênio municipal. Para piorar a tensão, os comerciantes ficaram sabendo que o Mercado Municipal da Praça XV poderia ser demolido para a passagem da Perimetral, conta o historiador Maurício Santos (trecho retirado do portal Diário do Rio).

Cigarros Veado

Dito e feito. Os comerciantes do Mercado da Praça XV iniciaram um garimpo de espaços que pudessem servi-los e tivessem valia a fim de dar continuidade à história que vinha sendo construída no antigo endereço. O local estabelecido pelos líderes do movimento foi a antiga fábrica de cigarros Veado, que há anos já estava desativada: tratava-se da Rua Capitão Félix, 110, no bairro de Benfica. Logisticamente, o espaço perfeito.

– Qual é a vantagem do Cadeg? De todos os mercados que nós temos aqui como o Ceasa e os entrepostos, a localização. Aqui é sensacional de localização. Você está do lado da Avenida Brasil, você tem a Linha Amarela, você tem a Linha Vermelha, tem a estação de metrô de Triagem a menos de um quilômetro daqui e você tem escoamento, explicou André Luis Lobo, atual diretor social do Cadeg.

As obras no espaço de 100.000m² iniciaram em 1957 e foram finalizadas em 1962. À época, o atual bairro de Benfica era território do então Estado da Guanabara, que tinha como governador Carlos Lacerda (aquele mesmo do atentado na Rua Tolenero, em Copacabana). Posto isso, justifica-se o mercado ter o Estado da Guanabara, ainda, em sua nomenclatura.

O projeto do Cadeg já nasceu exponencial e expectava dar o tom da importância do mercado no tempo futuro. A obra foi considera a terceira maior do Brasil em volume do concreto armado, estando atrás da construções da Hidrelétrtica de Furnas e do Estádio do Maracanã, respectivamente.

De acordo com André Luis Lobo, desde que foi fundado, o Cadeg era o único entreposto no estado do Rio de Janeiro. Em razão dos antigos grandes mercados como Sendas e Casas da Banha não possuírem centros de distribuição, recorrer ao Cadeg para abastecimento dos estoques era um movimento natural e até óbvio. Isso foi encorpando a importância do Cadeg como entreposto fundamental no cenário do cotidiano do Rio durante os anos de 1960, primeira década de seu funcionamento. Porém, na década de 70, a Ceasa-RJ foi construída em Irajá, na Zona Norte da cidade (a pouco mais de 15 km do Cadeg), o que gerou uma migração substancial de comerciantes para o novo centro de abastecimento. Nas décadas seguintes, houve um esvaziamento no segmento de atacado no Cadeg e novas diretrizes tiveram de ser consideradas para o espaço.

– Teve uma mudança de panorama. Com essa questão dos atacadistas irem para lá e pela área geográfica do Cadeg não oferecer lojas tão grandes, muita gente e muitos segmentos viraram para o varejo. O Cadeg passou por uma modificação grande porque era um entreposto essencialmente só de atacado e hoje é um atacado e varejo e consegue se sustentar assim, relatou André.

O Cadeg hoje

Hoje, o Cadeg se destaca, sobretudo, no segmento de flores, hortifruti, descartáveis e pelas vastas ofertas gastronômicas. André nos contou que o Cadeg, atualmente, é o lugar que mais vende bacalhau no Rio de Janeiro. Não à toa, em 2020 será realizada a oitava edição do Festival do Bacalhau no Cadeg, que é evento indiscutível no calendário devido ao imenso sucesso.

O título honorífico de Mercado Municipal do Rio de Janeiro veio recentemente: só em 2012. Apesar de ser um condomínio particular, a história do Cadeg, do Mercado Municipal da Praça XV e dos comerciantes que de lá migraram asseguraram uma carga simbólica valiosa e potente para a confirmação dessa certidão alegórica, mas encharcada de méritos e que orgulha o cidadão carioca.

Mais informações:

CADEG
Mercado Municipal do Rio de Janeiro

Rua Capitão Felix, 110, Benfica
Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20920-310
(21) 3890-0202 | 3526-5717

Horário de funcionamento
Flores: Segunda a sábado de 3h às 12h.
Secretaria: Segunda a sexta de 6h às 17h e sábado de 7h às 15h.
Administração: Segunda a sexta de 8h às 17h.
Lojas: Variável de cada loja

Pedro Júnior

Pedro Júnior

Jornalista de tudo e de qualquer coisa.