Em 2020, para as mulheres, a grande tendência continua ser a resistência
Em 2020, para as mulheres, a grande tendência continua ser a resistência
Eu poderia começar esta coluna de hoje, parafraseando o cantor Chico César: “Eu sei como pisar no coração de uma mulher / Já fui mulher, eu sei / Já fui mulher, eu sei. “. Mas não devo e nem posso.
Como homem que sou, devo dizer, primeiramente, que devo tudo às mulheres – mãe, avó, madrinha, tias, primas, amigas, clientes e colegas de trabalho como também a tantas outras que estão sempre à minha volta. Muito amor envolvido. E quando decidi ser estilista, o que sou desde criança, foi no intuito de revelar a beleza de cada uma delas de maneira singular.
No nosso Um Papo Sobre Moda de hoje, vou chamar atenção para o dia 8 de março – Dia Internacional da Luta das Mulheres – falando de quatro estilistas únicas que se tornaram ícones mundiais porque arregaçaram as mangas e acreditaram na força do seu trabalho.
Com a licença poética que tenho para conduzir meus textos nessa coluna, vou contar com o auxílio feminino luxuoso de quatro cantoras e compositoras brasileiras que em suas canções ilustraram muito bem o ser feminino em toda a sua imensidão.
Celebrando este dia 8, eis 8 qualidades de um universo tão infinito e feminino.
Para começar, a Força
Se falamos em força, temos que começar com Madame Chanel. Para isso preciso da Rita ( transgressora, feminista, feminina e mutante) Lee:
“Sou rainha do meu tanque, sou Pagu indignada no palanque “, por isso arregaço as mangas como Gabrielle Bonheur Chanel, ou, Coco Chanel como ficou conhecida mundialmente e começa essa conversa.
O apelido Coco foi dado por oficiais militares quando ela era cantora, por causa de uma das canções do seu repertório na época.
Madame Chanel apropriou-se do vestuário masculino e adaptou-o ao vestir feminino e até hoje, é sinônimo de sobriedade e elegância.
O preto, o branco, as pérolas e os chapéus representam ontem, hoje e sempre, muito bem, Coco Chanel.
Agora, a suavidade e sensualidade
Buscando mais uma vez referência nas composições de nossas cantoras, chego em Fátima Guedes que como uma voz única sempre cantou, com a doçura de suas letras, muito desse universo feminino delicado e complexo.
Escolhi uma de suas canções mais sensuais para fazer contraponto com a estilista Diane Von Furstenberg que desenhou, na década de 70, o vestido que melhor se adapta a todas as formas e a todos os corpos femininos – o vestido-envelope. Elegante e sensual, ele pode ser liso ou caber numa profusão de estampas que vão dos mais variados padrões abstratos ao sensual e clássico animal print.
“Vou despir pra você / cada um dos meus sete véus, os perfumes das ervas / mais raras me cobrirão. /Você vai finalmente lançar os céus/ pra queimar nos infernos da paixão / Vou despir minhas sete mentiras pra te agradar / cada um dos meus sete pecados todos no chão. “
Fátima Guedes Música 7 véus
Simplicidade, sofisticação e competência
Vou sucumbir a Ela é Bamba de Ana Carolina, grande cantora e compositora, uma mulher livre, para fazer um paralelo com Miuccia Prada:
“ Mãe, passista, atleta, manicure, diplomata. / Dona de butique, enfermeira, acrobata…”.
Ana Carolina Música Ela é Bamba
Um dia, Miuccia achou que não seguiria os negócios da família. Mas, em meados dos anos 70, precisou fazer parte da empresa e já entra inovando ao usar o nylon militar para fazer mochilas utilitárias, práticas, resistentes além de bem desenhadas que acabavam logo ao chegar às prateleiras. E, de lá para cá, Miuccia nunca mais parou e se tornou um dos maiores ícones de moda feminina.
Resistência e irreverência
Provocadora, irreverente, militante, politizada, excêntrica e feminista. No universo politizado e transgressor de Viviane Westwood cabe toda a resistência irreverente dos versos de Karol Conka:
“Querem que eu fique calada / sou eu que dou a cara a tapa / Chega, agora estou farta / Vou faturar, vou vender, sou a marca / Nunca fui sua criada/ Tô livre das suas amarras/ Agora correr na estrada/ Tô no controle, só dando risada “
Karol Conka Música Bem Sucedida
Cores fortes, jeans, camisetas politizadas, espartilhos bem marcados e a exotismo das noivas roqueiras que sempre tinham algo a dizer. A britânica Viviane, nascida em 1941, é até hoje o centro da moda inglesa.
Terminando aqui o nosso papo, quero agradecer em meu nome e em nome do Cultura Em Movimento à amiga Giovanna Moura. Uma supergata de 46 anos, múltipla como tantas mulheres: gerente de TI, cantora, consultora de estilo e mãe do Yuri que sempre me diz que ser mulher em 2020 ”é um ato político. É resistir, lutar por igualdade de gêneros e pela quebra dos padrões impostos pela sociedade.”
Vou me despedindo por aqui, um grande beijo a todos e quero dizer para as mulheres, em especial, que estou na luta com vocês.
Fotografia: Milena Leão
Produção de Moda: Leonardo Diniz dos Passos
Modelo: Giovanna Moura
Agradecimentos: ao auxílio luxuoso de Bruno Sotto