Entrevista: Paulo Sallorenzo fala sobre sua história na fotografia

Entrevista: Paulo Sallorenzo fala sobre sua história na fotografia

Com Eneida Damázio

Através do olhar, nós expressamos as nossas emoções, perspectivas e desejos. Também é através dele que os fotógrafos conseguem exteriorizar uma forma única de ver o mundo. O fotógrafo Paulo Sallorenzo é um deles. Ele acredita que, por mais que não seja um dom exclusivo, o fotógrafo precisa exercitar mais o olhar, e ver fotos, muitas fotos para saber fixar um momento, uma luz.

Com quase meio século de experiência na profissão, somente no cenário profissional, ele ministra aulas na Associação Brasileira de Arte Fotográfica (ABAF) desde 2015, onde mais de 200 alunos já foram formados. O profissional também já organizou várias exposições, individuais e com fotos de alunos.

Paulo conta que não prioriza técnica e nem teria uma definição para o seu trabalho, pois acredita ser uma questão de liberdade. “Os rótulos limitam a criação”. Na entrevista a seguir, ele contou um pouco da sua experiência para o Cultura em Movimento e de seus projetos.

Cultura em Movimento: Há quanto tempo começou como fotógrafo? Por que escolheu essa profissão?
Paulo Sallorenzo: Sou Jornalista e Publicitário. Comecei a fotografar em 1967, mas profissionalmente desde 1971, então são 49 anos de labuta.

Comecei a trabalhar no jornalismo da TV Rio ainda em Copacabana, quando a emissora não tinha agência e para ilustrar as notícias do Telejornal Pirelli e eu selecionava imagens do arquivo de filmes. Uma tremenda escola.

No principio me dediquei a aprender e estudar cinema. A fotografia do cinema sempre me fascinou. Trabalhar em fotografia foi uma consequência de toda experiência adquirida. 

CM: Por que a fotografia mobiliza tanto as pessoas?
PS: Digo sempre que a fotografia nos remete a viagens e a outras dimensões. Nossos sonhos (todos, os sonhos acordado também) são imagens formadas no interior do nosso cérebro. Quando vemos uma fotografia, liberamos a luz ali guardada. Com um pouco de treino do olhar, fotografamos tudo o que quisermos. Isso é fascinante!

CM: Você já fez fotografia  para o jornalismo e para a publicidade. O que você diria  para os jovens  que  querem  se dedicar  a esses  campos?
PS: Quem quiser se dedicar profissionalmente a fotografia, tem que estudar sempre. Ver muita foto. Assistir a muitos filmes. Treinar sempre. 

CM: Com o advento  da tecnologia,  como você  vê  o mercado de trabalho  para o fotógrafo  profissional?
PS: A nova tecnologia ajuda muito o fotógrafo. Mas é preciso entender que a fotografia continua seguindo as mesmas regras da física e não dispensará nunca uma boa composição. Apreciar  todas as formas de arte sem preconceito é muito importante. A arte precisa entrar em nós. Sensibilidade é isso.

CM: Nos  fale um pouco  sobre seu canal no YouTube?
PS:Meu canal no Youtube, Fotografar é Preciso, precisa ser agitado. Está muito parado, reconheço. Mas em breve vou retornar.

CM: Qual situação  que você  fotografou  que foi marcante  para  você?
PS: Em 1976 fui contratado como fotografo a Capemi, que foi criada para sustentar uma obra social, na época a maior do Brasil, o Lar Fabiano de Cristo. Então comecei a frequentar lugares onde  vivia a pobreza e a miséria. Coisas que a gente escuta nos jornais e vira a cara. Olha, chorei muito, e nessas horas a gente coloca a máquina no rosto (a câmera) e se esconde. Foi o trabalho mais importante que fiz em toda a minha carreira.

 

“Os rótulos limitam a criação”

CM: E qual foto que você  viu  que  foi  impactante para você e  por quê  ela lhe impressionou  tanto?
PS: A imagem que me marcou muito foi a primeira foto a cores da Terra vista do espaço. Tem mais de 50 anos. O significado é grande, podia se ver que a terra era azul, como havia relatado Gagarin, o primeiro homem a sair da terra. E estamos todos lá dentro, da bolha azul. Como ele também definiu.

CM:  Quais as cenas você mais fotografa e quais mais gosta de fotografar?
PS: Não tenho uma cena de preferência. Gosto de fotografar tudo o que me da vontade. Com liberdade. Paisagem, gente, rostos, corpos, objetos, efeitos de luz, edição digital, felizmente tudo me dá prazer, então fotografo.

CM: Fale um pouco do papel da ABAF e do  calendário  dos cursos  no  ensino de fotografia.
PS: A ABAF tem vários cursos voltados para diversas áreas da fotografia. Todos com recursos técnicos. Quando reabrir, depois da pandemia, vamos iniciar uma série de oficinas. É a técnica seguida de prática.

Flavia Ferreira

Flavia Ferreira

Jornalista e viajante nas horas vagas. Sou apaixonada por conhecer novos locais e culturas, assim como por um café quentinho e uma bela taça de vinho.