Lula 2022 e a reinvenção do Brasil pela arte, educação, cultura e ciência

Lula 2022 e a reinvenção, do Brasil pela arte, educação, cultura e ciência

Por Eneida Salles Damazio.

Hoje, em São Paulo, foi realizado o evento de pré-candidatura do ex-presidente Lula que , junto com  Geraldo Alckmin,  concorre novamente ao cargo de presidente do Brasil. O evento foi marcado por muita emoção, inclusive porque houve todo um cuidado com  a utilização de elementos estéticos para  turbinar a motivação da militância. presente.

Pelos  momentos iniciais do evento  já se percebia com clareza que  a arte e a cultura desempenharão um papel importante na campanha da chapa Lula- Alckmin e o melhor exemplo foi a reedição do jingle da campanha, entoado por várias vozes célebres da música popular brasileira. O famoso ” Lula lá”, ganhou novos contornos pelas mãos  de Leonardo Leone  e foi entoado por Martinho da vila, Martin’ália, Pablo Vittar, Rogéria Holtz, Olívia e Francis Hime, Lenine, Teresa Cristina, Odair José- sempre do lado certo da História -, Zélia Duncan, Duda Beat,  Paulo Milkos, Maria Rita,Ju de Paula, Chico César, Russo Passapusso, Flor Gil,  Gilson,, Ju de Paula,  Otto, Dadi Carvalho,  Luciana  Worms, Mateo, Daniel  Ganjaman e o ator Antonio Grassi. Essa mistura de gerações e gêneros musicais é o símbolo de  nosso retorno à convivência e tolerância tão característica dos brasileiros que vinha desaparecendo de uns tempos para cá .

E este espaço  não está só reservado na campanha; no programa de governo há  uma grande preocupação em recuperar as áreas de Educação, Cultura , Ciência e Tecnologia que vinham sendo duramente golpeadas desde o governo Temer. O desmantelamento dos investimento nestes setores intensificou-se nos anos do governo de Jair Bolsonaro que, equivocadamente, embarcou , na nau dos insensatos da “guerra cultural”.

O discurso  e  a cultura como elemento da soberania nacional

No discurso, Lula mostrou a preocupação em abrir novos horizontes para a o aumento de investimento destas áreas, relembrou os altos valores  que as os governos petistas destinaram  a elas.

Lula relembrou o papel e o êxito do ProUni, Fies e das políticas de cotas ao  transformar os filhos  de trabalhadores em doutores,  da beleza e da alegria de uma avó que pôde, a partir  dos recursos do Bolsa Família comprar  material escolar para neta, inclusive um estojo  de lápis coloridos  e aí vemos o olhar arguto e empático de Lula, o seu profundo conhecimento da alma humana e da alma brasileira. Foi bonito de ouvir.

Entre tantas preocupações com a fome instalada novamente no nosso país, com o ódio e a intolerância  despudoradamente saídos do armário, Lula preocupou-se também com a produção de conhecimento, ciência e tecnologia como forma de assegurar novamente o desenvolvimento do país e , provavelmente, até voltar a cooperar com o desenvolvimento de países pobres da América latina e da África ao ser capaz de transferir tecnologia.

Lula também sabe que o setor da cultura  foi evolvido numa guerra sem o menor sentido  que os artistas, como ele mesmo disse no seu discurso hoje, estão sendo tratados como inimigos do Estado, tanto quanto os  professores e cientistas   Um cenário quase apocalíptico.

Ele, como estadista que é, sabe que a cultura é a carteira de identidade de uma nação, é a maneira de sermos sujeitos de nossa própria História e não meros objetos de uma história alheia. Portanto, é através delaque podemos começar a ser de fato uma nação.

Lula 2022: a jornada do herói e a reinvenção do Brasil

Nos últimos anos, grande parte da população brasileira curtiu os filmes de super-heróis da Marvel, nenhum deles era brasileiro. Também nos últimos anos,  boa parte da população brasileira quis transformar um certo Luís Inácio Lula da Silva num grande vilão…

Mas esse fato, longe de desaboná-lo, paradoxalmente confirma seu status de herói, mesmo que esta não seja, como acredito que não é , a sua intenção.

Joseph Campbell, ao estudar a figura do herói na Antiguidade, oferece-nos  uma série de informações que comprovam a essência heróica do Lula.

Segundo Campbell, herói é aquele que assume uma missão e, para cumpri-la, enfrenta dificuldades e obstáculos, é  socorrido no pior momento , mas não abre mão de ajudar as pessoas e a sociedade, Esse percurso foi denominado pelo pesquisador de Jornada do Herói.

A jornada do herói, mítica por excelência,  tem 12 fases. A rrimeira é a vivência no mundo comum.  E Lula conheceu o mundo comum, retirante, metalúrgico, lutando como tantos outros pela sobrevivência. Com o movimento sindical, entre a na segunda fase, a do chamado à aventura.

Nos últimos anos, nós o vimos enfrentar as fases de provações, aliados e inimigos, chegando até a terrivel fase 8: a provação traumática.

Felizmente para  Lula,e para o nosso Brasil, de um ano para cá, encontra-se na fase do ressurgimento do herói e, conseguir ganhar a eleição agora, chegará a última fase: o regresso com o elixir .

Sim, o Brasil precisa mais do que nunca de um elixir para curar as dores e as feridas de uma população  dividida, maltratada, ressentida e desesperançada.

Em seu discurso, Lula fala sem saber de um elixir maravilhoso,  a arte , pois ela, segundo nosso herói, preenche a existência e é capaz de reiventar a realidade.É disso que o Brasil precisa extamente: uma reinvenção, fazer-se fênix e renascer das cinzas.

Essa saga lulista e tão brasileira poderia, por sua essência épica, ser cantada por um Homero, um Cervantes  ou um Camões. Mas em sua missão de outorgar soberania e altivez ao Brasil ,  essa jornada heróica , para além dos livros de História, poderia ser cantada por um Glauber Rocha, com o seu Santo Guerreiro contra o Dragão da Maldade. Contudo,  fiel à sua história de vida, a jornada de Lula é para ser cantata pelos cordelistas deste Brasil tão sofrido e tão alegre, tão contraditório e, ao mesmo tempo tão simples de entender.

Nesse elixir da cultura que Lula quer nos dar, há espaço para todos e, até, para um novo hit ou   um novo prato da culinária brasileira: Lula com Chuchu, nas palavras do companheiro de chapa, Alkmin.  Essa mistura improvável é o jeitinho brasileiro de não deixar morrer o espirito democrático no nosso pais.

 

Eneida Damazio

Eneida Damazio

Eneida é mestre em Literatura Brasileira, Estudante de Jornalismo e aficionada por cultura e seus movimentos.