Al Pacino, um gigante da película

Al Pacino, um gigante da película

Por Eneida Salles Damazio

Hoje, mais do que procurarmos conhecer os filmes, vamos levantar na rede a biografia de um ator. De um senhor ator, em verdade.

Sim, quem gosta de cinema não gosta apenas das boas histórias que ele nos conta, mas, principalmente, gosta das pessoas que dão vida a outros seres – ao emprestarem seus corpos a esses seres feitos de luz captada que são os personagens cinematográficos. Sim, gostamos dos atores e das atrizes, por isso gostamos de cinema.

Quantas e quantas vezes vamos assistir a um filme só por causa do ator ou da atriz que os protagoniza, não é?

Inclusive, muito do que hoje conhecemos como cinema nasce do modelo que a indústria americana forma para a sétima arte surgido em Hollywood a partir da década de 30 do século passado.

Hollywood criou o star system porque, em certo sentido, tudo girava em torno dos atores agora alçados à categoria de astros e estrelas, isto é, para o imaginário coletivo tinham sido alçados praticamente à categoria de deuses ou, pelo menos, de semideuses. A plateia é arrastada para um mundo outro que não o do seu cotidiano e tem um desejo secreto: desejo que aquele ser híbrido – meio ator, meio personagem-  saia de dentro da tela e venha fazer parte de nossas vidas como Woody Allen realizou para todos nós em A Rosa Púrpura do Cairo.

Hoje vamos falar sobre Alfred James Pacino. O nome lhe é familiar? Vagamente? Mas com o nome de Al Pacino estamos familiarizados, com certeza.

Crédito da Imagem: Portal Overtube

Sim, hoje vamos celebrar um homem multitarefas. E todas elas voltadas em prol do cinema. Pacino além de premiado ator é também produtor, cineasta e roteirista.

E como toda história boa, a dele começa por uma paixão que vem desde a infância.

Nada nos vincula tanto a uma atividade quando somos nela iniciados ainda em criança por nossos mais amados familiares. E, no caso de Al Pacino, ele descobre o cinema da maneira mais saborosa e que a geração que curte cinema através de TV, plataformas de streaming não pôde vivenciar. Falo da experiência da ida ao cinema quando se desfrutava de um mix de sensações: a ansiedade da espera, o paramentar-se com a roupa de passeio, o adentrar num espaço outro, encantado, onde sombra e luz se alternavam, onde som, música e silêncio se complementavam. A ida a este lugar sagrado que o cheiro da pipoca quentinha nos transporta para um carrossel de emoções é o que nenhuma plataforma de streaming vai poder proporcionar.

Tudo isso certamente influiria na vida de Pacino, mas igualmente marcante deve ter sido a volta do cinema, quando ele e sua mãe contavam as histórias vistas para a avó materna e o garoto repetia as falas das personagens. Nascia então , ao mesmo tempo, o ator e o contador de histórias.

Al Pacino é da geração de atores que surgem nos ricos anos 60 pelo método do Actors Studios, instituição nova-iorquina que, além de ser uma associação de atores profissionais, diretores teatrais e roteiristas, desde os anos 30 forma atores por uma técnica de representação chamada simplesmente de o método.

Esse  método tão falado formou-se a partir de proposições teóricas do teatrólogo russo Konstantin Stanislavski e foi celebrizado por LeeStrasberg. Em resumo, o método consiste em permitir aos alunos da Actors uma total submersão no personagem envolvendo-se, para tanto, num processo de criação cheio de experimentação livre da pressão sofrida quando se lidam com papéis comerciais.

Em 1971, sua atuação no filme Os Viciados do diretor Jerry Schatzberg , chamou a atenção de um cineasta em ascensão, um certo Francis Ford Coppola que acreditou no ator praticamente desconhecido e o chamou para ser o Michael Corleone de O Poderoso Chefão.

Crédito:Feeddigno

Com muito tato, Coppola convenceu a Paramount Pictures   que no lugar de Al Pacino, apostava para o personagem em nomes como Robert Redford, ou os galãs  Warren Beatty e Ryan O’ Neal, ou ainda Jack Nicholson.

O ator daria conta do papel. Três vezes, como se sabe. Dizem as más línguas que tanto Coppola quanto Pacino gravaram o  primeiro O Poderoso Chefão com medo de terem problemas com o estúdio e perderem os empregos.

Não se pode também esquecer de uma curiosa coincidência. O estúdio também tinha em mente Robert de Niro que é um dos parceiros mais frequentes de Pacino já que contracenaram em quatro ou cinco filmes, sendo o último O Irlandês que concorreu ao Oscar deste ano. Aliás, foi uma delícia vê-los juntos no tapete vermelho da cerimônia.Lá estavam, desglamurizados, dois senhores em plena “melhor idade”. Mas para quem gosta de cinema, eram dois gigantes nos quais podíamos perceber uma bonita postura de simplicidade, de quem já disse e “redisse” a que veio.

Aliás, Pacino é mestre em recusar papéis importantes. Alguns são impensáveis, para nós,que tivessem sido oferecidos a ele que teve a sabedoria de recusar. Alguns exemplos?

Ted Kramer, de Kramer vs Kramer (1979). Com quem ficou o papel? Se você disse Dustin Hoffman, acertou.

Já imaginou Julia Roberts, como uma linda mulher na suíte de Al Pacino ? Sim, o papel defendido por Richard Gere foi oferecido primeiro ao ator .

Embora haja outros, vou parando por aqui com essa verdadeira bomba: adivinhem quem poderia ter sido Han Solo e não quis? Sim, ele mesmo 😮 super Pacino.

Então curtam as dicas do Cine Brechó, aproveitando a quarentena  e se tornando cinéfilos cada vez mais cinéfilos. Não esqueçam de inscrever-se nos canais que disponibilizam os filmes, gratuitamente, para o nosso deleite. Então vamos à pipoca e muita ação ?

1.Fogo Contra Fogo (Heat, 1995) – Canal: Fernando Dias Esteves

Esse filme é pura adrenalina, longo é, verdade, como gosta o diretor Michael Mann, de Colateral, entre outros sucessos.

O filme foi escolhido por mostrar Pacino e Robert de Niro contracenado num filme eletrizante de ação, além  contar com um elenco de estrelas que dão suporte aos protagonistas: Jonh Voigth, Val Kimer, Ashley Judd e uma muito jovem Natalie Portman.

Crédito da foto: Cultura Projetada


2.O informante (The Insider, 1999) – Canais: William Kane e Asparagus Cenel

Olha eles aí de novo, a dobradinha Al Pacino e Michael Mann. Ele nos levam para os bastidores do trabalho jornalístico do famoso programa americano 60 Minutos da rede americana CBS.

O filme foi baseado em fatos reais e mostra o produtor do programa Lowell Bergman (Al Pacino) convencendo um executivo da indústria de tabaco, o personagem de Russell Crowe a contar os segredos escusos do ramo.

Uma observação, a cópia disponível no canal Asparagus Cenel tem uma melhor resolução, e você pode melhorar o seu inglês pois além de ser na língua original você pode contar com legendas também em inglês.

Crédito da foto: Britannica.com

3.O Mercador de Veneza (The Merchant of Venice,2004) – Canais: Noemi Sportela e Professor Gilberto

Talvez seja a cereja do bolo da nossa lista, essa adaptação cinematográfica dirigida pelo diretor Michael Radford, o mesmo de O Carteiro e o Poeta , desse clássico da dramaturgia de William Skakespeare.

Nessa versão, que conta ainda uma linda direção de arte, Pacino mostra toda sua potencialidade como ator ao encarnar um mercador judeu amargurado e endurecido pela discriminação nada sutil da opulenta sociedade veneziana do século XVI em relação aos judeus. Para melhorar o filme ainda conta com as participações do sempre excelente Jeremy Irons e de Joseph Fiennes.

No canal Professor Gilberto, o filme está no original com legendas em português.

O Mercador de Veneza/The Merchant of Venice// CULTURA

4. Má Conduta ( Misiconduct, 2016)Canal: Renato Tomaz de Oliveira Junior

Até que ponto o fins justificamos meios que usamos e como nos comportamos ?

Esse filme mostra o quanto a ambição pode nos levar. Mentiras, traições e manipulação envolvem um jovem advogado (Josh Duhamel) num jogo pesado que ele mesmo inicia ou acha que inicia.

É o filme de estreia de Shintaro Shimosawa, roteirista de SmallVille, Criminal Minds e The Dead Zone, como diretor. E ele, audaciosamente, começa dirigindo Al Pacino e  sir Anthony Hopkins. Melhor que isso, só mais disso.

Crédito da imagem: Adoro Cinema

 

Eneida Damazio

Eneida Damazio

Eneida é mestre em Literatura Brasileira, Estudante de Jornalismo e aficionada por cultura e seus movimentos.